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HERR G meets FUEL2FIGHT - VOXAPP25
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ANTI-DEMOS-CRACIA
ADC100MAR2022
Edição limitada a 101 exemplares
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Formato:

» CD em caixa de madeira. incluindo um booklet de 8 páginas (54 exemplares) (ESGOTADO)

» EDIÇÃO em CD digisleeve, incluindo um booklet de 8 páginas (47 exemplares)


» Álbum Digital

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Design:
Carlos Paes
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Registo que junta a Herr G e a Fuel2Fight, 27 pessoas das mais variadas áreas artísticas. Trata-se de um trabalho que mescla leituras de textos sublinhados com retalhos e paisagens sonoras e que tem por base assinalar a efeméride dos 25 anos da publicação do livro de poesia de Paulo José Miranda “A Voz que nos Trai” e com o qual venceu, nesse mesmo ano de 1997, o primeiro Prémio Teixeira de Pascoaes.
De edição limitada, em dois formatos, caixa de madeira e digisleeve, incluindo um booklet de 8 páginas, tem a particularidade da capa ser uma obra original do artista plástico Hugo Castanheira e que consiste numa pintura sobre as tampas de 54 caixas de madeira, fazendo, nessa edição, com que cada um desses 54 exemplares se tornem peças únicas.
A introdução no booklet é da autoria do professor António de Castro Caeiro. Todo o trabalho gráfico da capa é de autoria de Carlos Paes.

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Reprodução do texto de introdução no booklet, de autoria de António de Castro Caeiro

O Paulo José Miranda apareceu-me na vida pela primeira vez no início do ano lectivo 91-92. A indumentária com que se apresentava fazia-o personagem do filme Dick Tracy de Warren Beatty (1990). Cedo se destacou entre os meus alunos. Era músico e tinha interesses literários, sobretudo em poesia. Foi cedo que me deu a ler alguns dos seus poemas. Lembro-me de um em particular. Falava do pai, da vida dura, de ser operário, num ambiente geral de amor e ternura. Vejo ainda agora à minha frente a folha de papel A5, branca, pautada, com uma letra irrepreensível, redonda, azul, imaculadamente legível. Estávamos na entrada da Torre A da NOVA FCSH. Ele diz-me que eu lhe perguntei se havia mais de onde “este” tinha vindo. “Este” era o poema. O Paulo ainda conheceu o meu avô. Era na casa do avô que eu tinha o meu gabinete. Um dia subiu de Paio Pires até à Junqueira. Fui busca-lo ao pé da antiga FIL - hoje, Palácio dos Congressos. Conversámos a tarde inteira sobre a matéria das cadeiras que eu estava a dar: Scheler, Descartes. Fazíamos a travessia das tardes de sexta-feira, das 14 às 18. Implacável o rigor desse tempo. Depois, fomo-nos encontrando e ficamos, como se diz, amigos. O “poeta” tal como o meu pai o baptizara tinha vindo para ficar. Veio a prosa, os prémios, a consagração, o trabalho contínuo com a palavra. Apesar de não se interessar pelo estrangeiro até dada altura na sua vida, o filho da margem sul e de Lisboa partiu para a Turquia e depois para o Brasil. Encontrávamo-nos mais no estrangeiro ou no espaço virtual da internete do que ao vivo e a cores. Lembro-me de ainda sem haver programas de “chat” escrevíamos mails um ao outro para conversar sobre o que fazíamos, enquanto ele estava no Bósforo e eu na Floresta Negra. Fui ter com o Paulo numa das minhas viagens a Florianópolis e descobri a região com ele ao mesmo tempo, porque embora ele já vivesse lá há muito tempo, não andava mais do que um raio de 50 metros, tendo como epicentro a sua casa. O Paulo ainda hoje não tem carta de condução. E ainda bem. No regresso a Portugal, a vida assentou e vamo-nos vendo. O seu trabalho literário é consistente, mas não nos encontramos só por causa dele. Há ainda o que acontece com os nossos amigos, qualquer coisa de promessa e de futuro que se abre vida fora. Nunca tive o interesse exclusivo de saber se há mais “poemas”. No fim do mês de Novembro, encontramo-nos em São Miguel, pois Lisboa estava pequena demais para ele.

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Todos os textos que integram este registo são da autoria de Paulo José Miranda e constam do livro “A voz que nos trai” editado em 1997 pelas Edições Cotovia, Lda.